quarta-feira, 24 de junho de 2009

TEU OLHAR ME INCENDEIA

Teu olhar me incendeia
De amor generoso
De perdão gratuito .
Teu toque me excita a intensidade virtuosa
Tua ciência me desnuda plenamente .
Sou-te translúcido. Nem te sou rubro.
Sou a mim, que não me conheço.
Minhas defesas me fazem bobo.
Minhas desculpas, um tolo.
Sou nu para ti, completo e sempre.
Teu sopro suave sobre minha Derme
Arrepia minhas aspirações
Eriçados os sonhos . Os bons.
Tua simplicidade humilha minha pompa
E me ensina. Derruba. Acorda. Põe-me em desacordo.
O silêncio teu faz os meus ruídos serem insuportáveis.
Depois eles fogem. Então aquele silêncio, que eu quis praguejar...
Me conforta , suporta meu peso, me cabe inteiro, me guarda. Protege.
Teu olhar me incendeia. Me conforta as veias com seiva de amor.

HUMANIDADE ABANDONADA

O homem se abandonou. A humanidade abandonou a si mesma. Hoje as pessoas estão lançadas à sorte dos sistemas. Elas sofrem severamente as conseqüências deste fato, corporificadas na sua destruição, moral, física e social. E esta condição deve levar o homem a níveis ainda mais degradados de sua humanidade.

Vê-se o abandono moral. Hoje não existe uma preocupação razoável das pessoas com a fidelidade aos seus valores. Passa-se por cima deles para satisfez interesses imediatos e mesquinhos. Mente-se, fura-se filas, dá-se “um jeitinho”, sempre inescrupuloso se isso significar tirar vantagem. E uma vez que acontece isso com quem teve um direcionamento ético, o que dizer de quem não o teve? O vício é normal. Assim, pelo exemplo, também as gerações vindouras tendem a uma realidade ainda pior, uma vez que o homem é um ser cultural, um produto do meio. Este é um dos frutos de um sistema que conduz o indivíduo a ao pensamento egoísta, o capitalismo, é a ‘lei do mais esperto’.

As pessoas não se alimentam bem, as refeições são ao estilo da pressa, reféns dos microondas, e das gorduras saturadas, para os pobres, da falta de higiene dos refeitórios a céu aberto. As noites enchem as camas de corpos estressados e sonos inquietos. As relações entre as pessoas se resumem a cumprimentos e prestações de contas. Essas e outras circunstâncias estão destruindo a saúde física, mental e emocional de seus atores. E quanto a isso é visto um recuamento à mínima postura reacionária a essas condições, que adoecem as pessoas. O homem se abandonou fisicamente.

A tempo das pessoas nutre o sistema e às adoece.
Esta doença é também social. Ela é claramente vista na inanição das crianças africanas, nos corpos mutilados, a preço de petróleo no Oriente Médio , nos pedintes, mendigos e moradores de rua de nossos bairros. Estas indesejáveis e desconfortáveis situações denunciam o a míngua da caridade, da fraternidade, a inoperância dos governos em políticas de fomento da equidade social. E neste sentido é como comunidade humana que, outra vez, o homem se colocou de lado.

Frente ao exposto é evidente que o sistema global de acumulo de capital, e sua intensificação, fazem surgir no mundo circunstâncias que submetem e denigrem as pessoas em relevantes aspectos de suas vidas. Igualmente, nota-se que a apatia destas frente à dinâmica global intensifica o seu fenecimento. Nestas circunstâncias deve o homem mudar a sua postura e buscar interferir no sistema econômico e político tornando-o mais útil ao bem de todos. Bem como ter mais zelo na manutenção do bem moral, físico e social.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

M de Maria - série cordel

Todos os dias Antônio fazia sua oração. Joelhos no chão, coração também. Era humilde como ninguém, João, o irmão que acompanhava Antônio no ato. Maria Alice nada queria daquilo ali. Achava que se bastava, não tinha que por os joelhos na dor e falar com quem não via. E todos viam que ela era mesmo assim, -“esconder para que?” - dizia - “Os bestas aqui são vocês” - prosseguia. Os irmãos se olhavam e sem palavras se entendiam. Sabiam que a verdade se contava de outro modo. E “o besta”, não tinha jeito, era mesmo Maria e a pobre nem sabia.

Num dia certo Antônia e Alberto, Pais dos espertos, Maria, Antônio e João, anunciaram depois da parca refeição que iriam se mudar de Senador Lá Rock para Imperatriz ou Nova Iorque, municípios no Maranhão. “Aqui não ta dando mais, meus filhos o seu pai já não tem outra opção, vê vocês com fome e não ter o que fazer dói muito no coração. Eu e sua mãe conversamos e juntos chegamos a essa decisão. Tive oferta de trabalho nessas duas cidades e partiremos logo, devido às necessidades”

Foram para Imperatriz. Tudo que sempre quis, viu Alberto e pode morrer feliz. Todos os filhos formados dois contadores e um advogado. Os dois homens se casaram e Maria temia “ficar para titia”. A mãe dos três já era senhora idosa. Sonhava voltar para roça para passar em paz a velhice. Alice não concordava fazia birra e teimava, não queria ficar só. Só concordou com a mãe quando arrumou um namorado, que se dizia apaixonado.

E ficando Maria só, casou-se com Zé Bodó. Mas esse tal de Bodó sabia namorar... Sabia tanto que não conseguia parar, mesmo depois de casar. Um dia então a casa caiu, Maria descobriu!

Chorou-se para todo lado e o irmão advogado Maria foi procurar. “Que ele bebesse eu até tolerava, mas ser uma mulher enganada é de mais para mim”. Queria ela o divórcio. Amava. Mas aquilo ela não aceitava. Bodó não concordava. O perdão ele pedia, ela não cedia. Ele se sentia culpado, não devia ter namorado, amava Maria.

Eles estavam distantes, mas se pensavam a todo instante.

Os irmãos de Alice estavam preocupados. Não procuraram culpados. Pensavam em uma solução. Sendo de grupo de oração, ouviram o coração. Nele Deus dizia que tinha planos para Bodó e Maria. Na semana que chegava haveria um retiro espiritual... Mas os irmãos não se animaram. Já ira ser a décima vez que chamavam, seria natural outro “não”. “Retiro?!” –dizia a irmã- isso é coisa de gente mole, eu prefiro o fole da agitação”. Mas fazer o que? Na oração Deus dizia: chama Maria, chama Maria!

Maria queria “fugir” daquela cidade. O retiro era uma boa oportunidade. E assim ela aceitou, nem titubeou.

Chegou discretamente no salão, no meio de tanta gente Deus falava diretamente com ela. Foi indescritível o que aconteceu, Maria renasceu. Perdoou o seu marido e orando por ele Deus ouviu o seu pedido...

Na mesa de um bar Zé Bodó começou a chorar. Não sabia explicar porque nunca tinha chorado assim. Sem entender saiu dali voando e foi para casa soluçando. Sentou no sofá e se descontrolou novamente em pranto. “Ai meu Deus o que é isso?!” –gritou. Não ficou sem resposta. Ele caiu em repouso. Viu-se entrar num lugar maravilhoso. Sua alma se enchia de paz e gozo. Um anjo lhe pegou pela mão e mostrou sua mulher em oração. Em sua alma se abria uma nova ciência. Zé Bodó foi então, batizado no Espírito Santo de Deus. E lhe prestava reverência.

Tudo ficou em paz. Zé bodó não traiu mais, até parou de beber. Maria se animou e tiveram um bebê. Hoje vivem os três: Zé, Maria e Juquinha, em plena harmonia, paz e muita oração. Vão para a missa todo dia e ajudam muitos outros casais que vivem na mesma situação que um dia fez sofrer Maria. E lhes dão a mesma solução.