terça-feira, 17 de novembro de 2009

ENSAIO SOBRE O TEMPO

O Tempo. Essa é questão que, não sei há quanto TEMPO, se filosofa a respeito, canta-se e faz-se poesias ao seu entorno. Bom, também eu, tirei um “tempinho” para falar sobre ele...
Primeiramente, informo ao meu leitor que não pretendo discorrer sobre o tempo etéreo na abstração vaga de uma idéia de linearidade que nos contenha em si; nem qualquer coisa neste sentido. Não tenho tempo para isso. Penso que esta seja uma discussão anacrônica. Hoje, o que interessa discutir é o tempo enquanto experiência. Venha.
Uma das experiências mais tristes que o ser humano faz é a de olhar para o seu momento presente e perceber que ele se formou sobre um passado vazio das experiências que se poderia ter feito com as pessoas que se ama e as oportunidades que se teve; e, tudo por que se acreditou que era possível adiar as nossas iniciativas para fazê-lo. É como o caso de um técnico esportivo que deixasse o jogo na defensiva, para armar um ataque estratégico no segundo tempo da partida sem, contudo, dar-se conta de que, na verdade, já está no último minuto do jogo!
O que houve com um pai que vê seus filhos grandes, casados, formados e, pensa consigo mesmo, “quando isso tudo aconteceu?”, um pai ou uma mãe, que esteve todos esses anos sob o mesmo teto e, ainda assim, pasma diante da realidade que se apresenta a ele como se ela tivesse aterrissado de para quedas nos seus quarenta e tantos anos?
O que houve, ainda, com um filho que olha seus pais idosos e tem a impressão de lhe serem estranhos estes, seus genitores?
Essas questões, extremas, ainda que terríveis, acontecem com muita freqüência, embora se passem no silêncio das íntimas reflexões, dores e remorsos.
O que houve nesses casos e, que acontece em tantas famílias e comunidades, para serem compreendidas, evocam de nós um sentido próprio de tempo. No caso que apresentei foi muito tempo corrido, mas, as experiências que fizeram cada pessoa umas em relação às outras de se abrirem, mutuamente, às suas respectivas realidades, sensibilidades, fraquezas e virtudes, praticamente, não existiu.
Não é o tempo que guarda nossas experiências; é aquilo que vivemos - os momentos - que têm uma medida própria de temporalidade e, pela sua intensidade, verdade e, sobretudo, como estão ligados aos nossos afetos e compreensões, que fazem, a si, durarem uma efemeridade ou um marco perene constitutivo de valores. Por isso, é que, se na família, não permitirmos que nos conheçam e nem nos empenharmos em conhecer uns aos outros, não elaboraremos laços emocionais uns com os outros. E são, exatamente, esses laços que desejo apresentar como tempo, de fato.
Quanto mais firmes são tais ligações mais tempo elas significam. A força que têm não está vinculada ao número de horas que tenha durado o seu processo de estabelecimento, mas, à profundidade com que se permitiu que o outro nos acompanhasse naquilo que de fato somos, e vice e versa.
Disse isso para caminhar à conclusão de que o tempo, efetivamente, é afetivo.
Dito isto, o que desejo falar-lhe, agora, é que faça, desde hoje, a desafiadora tarefa de dar-se ao outro e, a abri-se para receber, em sua vida, as demais pessoas, sem preconceitos, sem arrogância, sem deixar para mais tarde. O amanhã poucas vezes tem a sorte de trazer consigo as circunstâncias pretéritas que criamos não haverem passar. E quando finalmente nos damos conta de onde estamos é que paramos para pensar em como chegamos ali, quando deveríamos fazer isso mesmo antes de iniciarmos qualquer percurso na vida, para, entre tantos, termos nos planejado para a melhor estrada. Geralmente fazemos o caminho mais curto, que é o mais superficial, nesse assunto de vida e coisas que, de fato, valem apena. Os bons são os caminhos longos, não porque se tenha caminhado mais, mas por que, no sentido aqui abordado, empreendeu-se a construção de mais tempo.
Ninguém sabe quando morrerá, mas todos morrerão e cada um terá vivido a sua própria quantidade de horas nesse mundo. Essas horas serão exatas. No entanto, o tempo de vida que cada um terá dependerá de como encarou a vida e de como se relacionou com ela a partir das pessoas com as quais conviveu. Por isso, seja gentil com as pessoas, amável, crie laços e não se isole, jamais. As pessoas são os maiores valores com os quais lidamos na terra, são o que devem realmente ser objeto de nossa atenção, esforço e dedicação. O restante, de certa forma, é perda de tempo se estiver desarraigado desta baliza do ser.
Não se iluda, acreditando que tudo permanecerá como está. As coisas mudaram. Pessoas passaram. E oportunidades presentes perderam seu espaço por que as circunstâncias que lhe formam se reconfiguraram. Por tanto, o que tens que fazer, FAÇA AGORA.

Espero, com esse texto, ter tomado, em sua vida, mais tempo que os minutos que você levou para Lê-lo.


Felicidades!!!